Olimpíadas 2012: exaustivo treinamento chinês
Assim como a antiga União Soviética, a República Popular da China tem nos Jogos Olímpicos um propósito maior do que apenas competir. O doloroso processo de treinamento, onde treinadores do governo impõem sofrimento a crianças atletas, tem como objetivo a vitória a todo custo. O governo visa legitimar o sistema político criando heróis nacionais. Através da mídia estatal, o sentimento de orgulho nacional sobrepuja a negação de direitos como liberdade plena, acesso à informação, opinião e expressão.O governo provê três mil alojamentos com estruturas de treinamentos especiais que visam competições internacionais. Atualmente, cerca de 30 mil alunos estão nestes campos. Crianças que aparentam ter cinco anos de idade submetidos a esforços desumanos são frequentemente denunciados pela mídia internacional. Os mesmos são aclamados no telejornal oficial da China. A adolescência é o momento em que os atletas são selecionados e enviados para as Olimpíadas em busca de medalhas de ouro e glória nacional.
Tudo começa na escola quando, após avaliação de professores de educação física, os alunos que parecem bons para qualquer esporte são encaminhados a campos de treinamentos do Estado chinês. A prática ganhou força na década de 1980. Quadrienalmente, o sistema de treinamento de países comunistas é sempre notícia nos jogos olímpicos, ao lado do uso de medicamentos proibidos, o doping.
Isolados durante a infância, pobres em educação e com o corpo debilitado pelo esforço extraordinário, atletas aposentados tentaram denunciar o sistema durante as Olimpíadas de Pequim, em 2008, mas enfrentaram forte repressão.
Este ano, em Londres, a nadadora Ye Shiwen bateu o recorde feminino na prova individual dos 400 metros medley. O tempo da chinesa foi questionado pela delegação norte-americana. De fato, nenhuma substância proibida foi encontrada na competidora, mas suspeita-se que ela possa ser parte da mais nova modalidade de trapaça desportiva — o doping genético e os laboratórios de crescimento muscular.
Segundo a Agência Mundial Antidoping (WATA), a detecção desta modalidade será prioridade nos Jogos Olímpicos do Brasil em 2016. Em 2007, o primeiro caso veio à luz, após denúncia veiculada no canal de TV alemão IRC. Na ocasião, disfarçado de técnico de natação norte-americano, um repórter alemão recebeu uma proposta de tratamento de células-tronco de um médico chinês, no valor de 24 mil dólares. A gene terapia altera o DNA do paciente, auxiliando o combate a doenças.
Fonte: nosdiasdenoe.blogspot.com
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