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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Com passaporte árabe, goleiro do XV revela convite de seleção do Oriente

Goleiro Neto - XV de Piracicaba (Foto: Guto Marchiori/Globoesporte.com) 

A influência do futebol no Brasil faz com que a maioria das crianças sonhe seguir a carreira no esporte. Quando o objetivo traçado ainda na infância é alcançado, o sonho se renova e o foco passa a ser outro. Chegar à Seleção Brasileira e disputar uma Copa do Mundo é o alvo de grande parte dos jogadores profissionais, mas, quando isso começa a não se tornar realidade, é o momento de partir para novos desafios. Assim se encontra o goleiro Neto, do XV de Piracicaba.

Neto de libanês, Mahmoud Darwiche Mustaphá Neto tem 26 anos e pode atingir o sonho de disputar uma Copa do Mundo em breve, mesmo que não seja com a camisa verde e amarela. Em 2011, ele recebeu uma proposta para se transferir para o Líbano e apressar o trabalho de naturalização para defender o país do Oriente Médio.

- Desde que me profisionalizei, em 2005, sempre teve bastante especulação em cima disso (atuar em alguma seleção árabe). Meu pai tem bastante contato com árabes que vivem no meio do futebol. Falaram que me levariam para o Líbano, Catar ou Emirados Árabes. Fiz minha documentação árabe e tenho o passaporte, mas proposta séria teve uma para ir ao Líbano - garantiu o Neto.

Mesmo recebendo a proposta de defender o país em que o avô paterno nasceu, Neto preferiu conversar com a família e resolveu desistir de ir para o Líbano por se tratar de um país que vive em constante problemas com o terrorismo.

- Falei com meus pais sobre isso, mas, querendo ou não, lá é muito inconstante. Daí tomei a decisão de não ir para o Líbano, mas ainda quero jogar naquela região. Estou disposto a ouvir uma nova proposta, até porque eu tenho origens lá. Vamos ver o que irá acontecer de agora em diante, já que o sonho de disputar uma Copa do Mundo fica mais próximo defendendo um país como esse - afirmou.

O sonho de Neto em jogar um Mundial fala mais alto no momento, já que ele sabe que é bastante complicado chegar à Seleção Brasileira. Segundo ele, a alternativa de chegar a um Mundial passa mesmo pelo Oriente Médio e é por isso que ele vai batalhar.

- Eu tenho muito pé no chão. Acabo de completar 26 anos e sei da dificuldade de chegar à Seleção Brasileira, mas chegar a uma Copa do Mundo se torna mais fácil para mim, que tenho o passaporte árabe. É o sonho de jogar uma Copa do Mundo.

Origens e família

Nascido em Guarulhos, Neto fala com carinho do avô paterno, de quem herdou o nome. Mahmoud Darwiche Mustaphá chegou ao Brasil com 19 anos, deixando o Líbano que já convivia com problemas de guerra civil, antes mesmo da ocupação xiita e da criação do Hezbollah. Já em solo brasileiro nasceu o pai do goleiro, mas os costumes e origens tiveram continuidade.

- O meu avô paterno tinha o mesmo nome que o meu. É de origem árabe, mais precisamente do Líbano. Meu avô veio para o Brasil com 19 anos e o meu pai já nasceu aqui. Ele trouxe os costumes dele do Líbano. Minha mãe casou com o meu pai e aprendeu esses costumes. E vivemos assim, dessa maneira, seguindo um pouco os costumes.

Mesmo vivendo com os costumes deixados pelo avô, Neto jamais esteve no Líbano. Ele conta que o pai já foi para o país do Oriente Médio, mas afirma que não traz boas recordações do lugar, mas que isso não tira sua vontade de conhecer a região.

- Nunca estive no Líbano, mas meu pai já esteve lá. Ano passado meu pai foi pra lá e me relatou o quanto é complicado a vida no Líbano. Tinha uma região que eles queriam conhecer, mas os terroristas não permitiram a aproximação. Eu tenho vontade de ir - disse.

Neto herdou as origens e se diz fã da culinária árabe, principalmente as comidas feitas pela mãe. Mesmo longe da família - já que mora em Piracicaba e os pais em São Paulo -, o goleiro confessa que recorre à restaurantes que servem esse tipo de comida.

- Eu gosto muito da comida árabe. Sempre dou um jeito de ir para algum restaurante que tenha esse tipo de comida. Sinto falta da comida árabe que a minha mãe faz. Quando meu avô era vivo a gente de casa seguia os costumes dele muito mais do que atualmente. Lembro que cheguei até frequentar mesquistas com ele - relembrou.

Brincadeiras e preocupação

Com um nome incomum dos demais brasileiros, Neto revelou que foi alvo de brincadeiras, principalmente após os atentados de 11 de setembro de 2001. O goleiro do XV de Piracicaba era apenas um estudante, mas afirma que sofreu com os colegas da escola.

- Desde os atentados de 11 de setembro as coisas mudaram. É menino bomba pra cá, etc... mas tudo na base da brincadeira, nada sério. Me lembro que quando houve atentado, a molecada pegava bastante no meu pé. Me mandavam embora da escola. Ainda tem as brincadeiras de hoje, que são árabe daqui, terrorista e assim vai... - relembrou ele sorrindo ao falar do assunto.

Se hoje sorri ao falar do assunto, Neto afirmou que no dia em que o World Trade Center foi destruído a situação ficou tensa em sua casa, principalmente na visão do pai, que se mostrou preocupado por conta das origens árabes.

- Meu pai ficou bastante preocupado com qual seria a reação do povo árabe, mas vivemos em um país de cabeça aberta, sem problema com terrorismo como se tem pelos lados do Oriente - encerrou.



Fonte: Globo Esporte.com

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